Skip to main content
eScholarship
Open Access Publications from the University of California

Dermatology Online Journal

Dermatology Online Journal bannerUC Davis

Poroma: Um caso típico [Poroma: A typical presentation]

Main Content

Poroma: Um caso típico [Poroma: A typical presentation]
Eduardo Mastrangelo Marinho Falcão MD, Alessandra Rodrigues Catharino MD, Camila Machado Zompero MD, Bernard Kawa Kac, Dermatopathologist
Dermatology Online Journal 18 (11): 14

Rio de Janeiro, Brazil

Abstract

Poroma is a rare, benign, appendage tumor. Clinically, it presents as a solitary, slowly growing tumor situated mostly on the palms and soles of adults. Occasionally, poroma mimics malignant tumors. Histological examination reveals aggregations of poroid cells extending into the epidermis. Dermoscopy may be useful in some cases. Treatment is by surgical excision. We report a case of a typical clinical and histopathological presentation in a 26-year-old woman and emphasize the importance of this lesion in the differential diagnosis of other tumors on the palms and soles.



Resumo

Poroma, um tumor anexial benigno raro, apresenta-se, em geral, como tumoração única de crescimento insidioso nas regiões palmo-plantares, podendo mimetizar tumores malignos. Na histopatologia destacam-se celulas poroides estendendo-se para a epiderme. Em alguns casos, a dermatoscopia pode auxiliar no diagnóstico. O tratamento consiste na exérese total da lesão. Apresentamos o caso de uma paciente de 26 anos com apresentação clínica e histopatológica típica deste tumor. Destacamos a importância desta lesão no diagnóstico diferencial de outros tumores e lesões crônicas palmo-plantares.


Introduction

O Poroma foi inicialmente descrito em 1956 por Goldman et al [1]. É um tumor benigno raro que se origina da porção intraepidérmica do ducto écrino ou apócrino. Representa 10% dos tumores das glândulas sudoríparas. É de etiologia desconhecida e acomente principalmente pessoas de meia-idade. A lesão é mais frequente na região palmo-plantar, podendo ocorrer em qualquer parte do corpo [1, 2, 3].


Caso Clínico

Paciente do sexo feminino, 26 anos, admitida com história de ferimento perfurante na região plantar direita há três anos. Desde então, houve sangramento intermitente e crescimento lento da lesão, sem dor ou prurido. Negava queixas sistêmicas.

Ao exame dermatológico, apresentava nódulo eritematoso com ulceração central na região plantar direita (Figura 1). O teste do iodo-amido mostrou gotículas de suor. Não apresentava linfadenopatia regional ou outras alterações ao exame clínico.


Figure 1
Figura 1. Nódulo eritematoso na região plantar direita [Erythematous nodule on the right sole]

Foi realizada exérese total da lesão, sem recidiva após três meses. O estudo histopatológico da peça revelou massas de células poroides, menores que os queratinócitos, originando-se da epiderme. Observaram-se estruturas ductais no interior da massa, confirmando a hipótese de Poroma (Figuras 2 e 3). Não foram encontradas estruturas sebáceas ou foliculares no tumor.


Figure 2Figure 3
Figuras 2 e 3: Histopatologia (H&E): Cordões de células poroides; estruturas ductais no interior [H&E stain: Masses of poroid cells around ductal structures]

Discussão

Hidroacantoma simples, poroma écrino, tumor do ducto dérmico e hidroadenoma poroide fazem parte de um grupo de tumores anexiais benignos, classificados histopatologicamente, de acordo com sua localização. O Poroma Écrino tem origem nos ductos écrinos ou apócrinos e apresenta-se mais frequentemente como tumoração única, assintomática, de coloração rósea e crescimento insidioso [2, 3].

O relato frequente de estruturas sebáceas e pilosas nos Poromas Écrinos sugere o predomínio da origem apócrina devido à origem embriológica comum entre as glândulas apócrinas e os folículos pilosebáceos. A observação de células com citoplasma eosinófilico sugerindo secreção por decapitação reforça a hipótese. McCalmont e Harvel et al propõem a classificação dos Poromas em dois tipo: apócrino e écrino; contudo, devido a inexistência de técnicas adequadas para essa diferenciação, sugere-se a utilização do termo simples “Poroma”, seguido ou não por “sebáceo” e/ou “folicular”, no lugar do clássico “Poroma Écrino” [4, 5].

Ocorre com mais frequência na região palmo-plantar, podendo ser observado em qualquer região contendo glândulas apócrinas ou écrinas, como nariz, couro cabeludo e antebraço [6, 7, 8]. A patogênese é desconhecida, no entando, alguns fatores têm sido implicados, tais como dano actínico, radiação e trauma.

Clinicamente, pode mimetizar tumores malignos tais como melanoma maligno, porocarcinoma, carcinoma espinocelular e carcinoma de células de Merckel ou outras lesões crônicas palmo-plantares [9, 10, 11].

O tumor também pode estar associado a condições dermatológicas como displasia hipoidrótica ectodérmica, radiodermite crônica e doença de Bowen e, raramente, preceder o porocarcinoma écrino. Múltiplos poromas (“Poromatose Écrina”) podem acometer pacientes submetidos à quimio ou radioterapia e gestantes [12, 13].

No exame histopatológico, o tumor pode localizar-se na derme, na epiderme, estender-se da primeira para a segunda ou ainda, atingir o tecido subcutâneo. O hidroacantoma simples localiza-se na epiderme e caracteriza-se por agregados de células cuboides ou ovoides bem demarcados. O poroma apresenta células basaloides na derme podendo estender-se para a epiderme. O Tumor do ducto dérmico é encontrado na derme reticular e composto por agregados de células poroides e cuticulares. O hidroadenoma poroide restringe-se a derme, apresentando-se como um acúmulo solitário de células poroides. Uma mesma lesão pode apresentar características de mais de um tipo de Poroma [2, 3].

Poucos estudos foram realizados sobre o uso da dermatoscopia no diagnóstico. Foi relatada a presença de halo róseo-branco perivascular associada a padrão vascular polimórfico e áreas róseas com ausência de estruturas, sendo o halo relacionado histopatologicamente ao edema envolvendo vasos dilatados e as áreas claras à fibroplasia lamelar da derme [14]. Em alguns casos, pode apresentar um padrão homogêneo azul simulando um melanoma [15] ou padrão similar a carcinoma basocelular [16]. Apesar de a dermatoscopia ter valor importante no diagnóstico, ainda são necessários mais estudos e a histopatologia continua sendo o melhor método diagnóstico.

O prognóstico é excelente e o tratamento definitivo do poroma é a excisão completa da lesão, seguida pelo estudo histopatológico com o objetivo de afastar malignidade e confirmar o diagnóstico.


Conclusão

Poroma é um tumor anexial benigno de evolução lenta proveniente da porção intra-epidérmica das glândulas sudoríparas. O diagnóstico definitivo é estabelecido pelo estudo histopatológico e a dermatoscopia tem beneficiado nestas lesões. O presente caso serve para ilustrar uma apresentação típica de um tumor benigno raro e lembrar desta patologia no diagnóstico diferencial clínico e dermatoscópico de tumores benignos hipo ou amelanóticos e lesões palmo-plantares crônicas. Não é possível sugerir a origem do tumor apresentado devido à ausência de estruturas sebáceas, foliculares ou sugestivas de glândulas écrinas ou apócrinas. São necessários mais estudos e novas técnicas para uma definição e classificação adequada dos Poromas.

References

Referencias Bibliográficas

1. Goldman P, Pinkus H, Rogin JR. Eccrine poroma; tumors exhibiting features of the epidermal sweat duct unit. AMA Arch Derm 1956;74:511-521 [PubMed]

2. Lacy R.M., Vega E. Poroma estudio clinico-patológico de 45 casos. Med Cutan Iber Lat Am. 2003;31(1):17-22.

3. Witkowski JA, Parish LC, Griffith CQ. Solitary eccrine poroma. Int J Dermatol. 1979;18:307-308. [PubMed]

4. McCalmont TH. A call for logic in the classification of adnexal neoplasms. Am J Dermatopathol. Apr 1996;18(2):103-9. [PubMed]

5. Harvell JD, Kerschmann RL, LeBoit PE. Eccrine or apocrine poroma? Six poromas with divergent adnexal differentiation. Am J Dermatopathol. Feb 1996;18(1):1-9. [PubMed]

6. Jin WW, Jung JG, Ro KW, Shim SD, Kim MH, Cinn YW. A case of eccrine poroma on the paranasal area. Ann Dermatol 2006;18:73-76.

7. Park SJ, Roh BH, Lee JS, Cho MK, Whang KU. A case of eccrine poroma on the scalp. Korean J Dermatol 2006;44:633-635.

8. Kang MC, Kim SA, Lee KS, Cho JW. A case of an unusual eccrine poroma on the left forearm area. Ann Dermatol. 2011 May;23(2):250-3. [PubMed]

9. Roaf V, Chin N, Lynfield Y, Pigmented sweat gland tumor mimicking melanoma. Cutis. Jan 1997;59(1):43-6. [PubMed]

10. Wong MW, Tse GM. Eccrine poroma: a differential diagnosis in chronic foot lesions. Foot Ankle Int. 2003 Oct;24(10):789-92. [PubMed]

11. Morais P, Guimarães M, Canelhas A, Azevedo F. Unknown: Pedunculated nodule on the foot. Dermatol Online J. 2012 Apr 15;18(4):5. [PubMed]

12. Fujii K, Aochi S, Takeshima C, Ohtsuka M, Hamada T et al, Eccrine Poromatosis Associated with Polychemotherapy. Acta Derm Venereol. 2012 Feb [PubMed]

13. North JP, Lo J, Landers M Poromatosis in pregnancy: a case of 8 eruptive poromas in the third trimester. Cutis. 2012 Feb;89(2):81-3. [PubMed]

14. Minagawa A, Koga H, Takahashi M, Sano K, Okuyama R. Dermoscopic features of nonpigmented eccrine poromas in association with their histopathological features. Br J Dermatol. 2010 Dec;163(6):1264-8. [PubMed]

15. Gatti A, di Meo N, Trevisan G. Dermoscopy of eccrine acrospiroma masquerading as nodular malignant melanoma. Acta Dermatovenerol Alp Panonica Adriat. 2010 Dec;19(4):23-5. [PubMed]

16. Kuo HW, Ohara K. Pigmented eccrine poroma: a report of two cases and study with dermatoscopy. Dermatol Surg. 2003 Oct;29(10):1076-9. [PubMed]

© 2012 Dermatology Online Journal