O que torna um documento de arquivo um "documento de direitos humanos"? Quais tipos de documentos se enquadram nesse termo genérico? Como e por que podemos desenvolver uma tipologia desses documentos? O que está em jogo – eticamente, teoricamente e na prática – quanto às formas e razões pelas quais definimos e classificamos documentos como tal? Este artigo procura responder a essas questões delineando uma proposta de tipologia de documentos de direitos humanos, apresenta revisão de literatura que explora a história das definições de documentos de direitos humanos em estudos arquivísticos, bem como a discussão atual mais ampla na Ciência da Informação sobre as políticas de organização da informação. Em seguida, delineia a metodologia para a análise conceitual descrevendo as formas pelas quais essa metodologia será empregada para construir a categoria “documento de direitos humanos”. Conclui com uma proposta de tipologia dos documentos de direitos humanos, postulando que tais documentos de arquivo podem ser examinados de acordo com cinco vetores interligados: quem os criou, por que e quando; onde estão atualmente custodiados e como estão sendo usados, com base na análise de dois exemplos importantes de documentos que retratam eventos de violações de direitos humanos usando a tipologia proposta. Finalmente, tece considerações sobre as implicações éticas, políticas e profissionais da tipologia proposta sugerindo formas de utilização dessa proposta no futuro.