Uma série de fatores sociais, ambientais, psicológicos e genéticos estão associados à dependência da nicotina e às doenças tabaco-relacionadas. A relação entre raça e tabagismo talvez seja um dos tópicos mais inexplorados e menos discutidos no âmbito do controle do tabaco no Brasil. Este trabalho realizou uma análise qualitativa retrospectiva, a fim de verificar os dados disponíveis na literatura sobre a relação entre raça/etnicidade e tabagismo no Brasil. Os resultados encontrados demonstraram que as pessoas de origem africana têm maior risco de se tornarem tabagistas e de desenvolverem doenças tabaco-relacionadas. Apesar desse risco, foi verificado que poucos estudos, a respeito dessa relação, foram publicados no Brasil e se, por um lado, os determinantes sociais podem influenciar tal associação, por outro, estudos apontam também uma possível influência de fatores genéticos no tabagismo. Mais estudos seriam necessários para entender a relação raça e tabagismo e para se pensar políticas mais efetivas contra o tabagismo. Os resultados também apontam que possivelmente, em virtude do racismo estrutural, a população com ancestralidade africana no Brasil se tornou “invisível” para pesquisadores e formuladores de políticas de controle do tabaco.